Observando
atentamente, com olhar psicológico, vemos algo muito curioso nesta data
que corresponde ao período de Natal e Ano Novo... Nesta época, todas as
pessoas parecem reagir de forma interessante. Estão mais sucetíveis a
"bondade", falam mais de "amor", alguns chegam a esquecer, mesmo que por
tempo limitado, suas diferenças. Outros no entanto, entram num sistema
de depressão e tristeza profunda, estas ligadas a perdas de entes
queridos, ou relacionamentos mau resolvidos, mas qual a comparação deste
momento com os demais meses do ano? Nesta época, há uma atmosfera
curiosa, uma espécie de "magia" no ar. Que magia é essa? Será que
fantasiamos este momento como o de uma salvação pessoal? Se for assim,
porque buscamos tanto redenção, somente nesta época do ano e não no ano
todo? è comum e correto pensarmos que há questões religiosas que
influenciaram as questões psicológicas, e estas nos regem e direcionam a
uma situação de "mea culpa" quando estamos para mudar de ciclo.
Fazemos
escolhas controversas, tomamos decisões duvidosas e agimos na maioria
das vezes, de maneira grosseira, sempre exigindo o que não somos capazes
de fazer, e obrigando ao outros, a fazer o que jamais faríamos. Somos
complicados e não fazemos o menor esforço para mudar, mas quando chega
nesta época, nos sentimos diferentes, uma diferença psicológica, como se
a mera mudança de nossos atos neste curtíssimo momento, pudesse
desfazer o que fizemos de errado, uma forma de redenção. Religiosos
seguem doutrinas que os impelem a determinados rituais que podem ou não,
segundo o entendimento de cada um, a busca de salvação, o que os daria
no Ano Novo, a oportunidade de "zerar" seus "pecados", isso é até
compreensível, mas o que dizer daqueles que são religiosos de ocasião e
os que não se importam com isso e ao chegar nesta época mudam suas
atitudes? O que há de ancestral nestes atos? Será que todos agimos
assim, porque durante os anos foi impresso em nosso DNA, esta forma de
agir? Usamos a nossa herança genética, nos dada por ancestrais distantes
como uma atitude programada da qual não temos noção exata? O que
significa esta nossa maneira de agir e nossos atos de reconciliação, que
parece durar no mínimo até dia 26 de dezembro e no máximo até dia 2 de
janeiro? Seria esta época, realmente mágica e capaz de mexer com pessoas
mais sensíveis, a ponto de mudá-la e torná-la amável e mais educada?
Talvez.
Sendo ou não uma questão
de herança genética, religiosidade, psicologia, ou mera reação coletiva,
o fato é que ocorre, e ao menos neste momento, tudo parece atingir
algum significado lógico, que nos afasta mesmo que por um curtíssimo
período do caos. Não queremos e sabemos disso, viver dentro de um
sistema caótico do qual não temos controle, isso é ruim, pois não
gostamos, isso é natureza humana, de não ter controle das coisas... Um
paradoxo é claro, se todos tem controle de algo, criamos caos, se
ninguém tem controle de nada, criamos caos, assim abrimos portas para
que o controle passe a alguém... A mídia, as igrejas, aos políticos...
Pouco importa, o certo é que acontece. Não teremos meios comuns para
determinar o que nos move a certas atitudes, mas podemos, cada um de
nós, tentar entender o porque assumimos certas posturas em determinadas
épocas do ano.
A observação de
nós mesmos, é uma forma de auto conhecimento, algo que precisamos,
principalmente porque estamos tão acostumados a julgar os outros e
esquecermos de nós mesmos. A atenção a nossa vida, faz-se necessário,
para que não venhamos a praticar erros, pelo menos os mesmos que nossos
ancestrias praticaram, e podermos dentro de um contexto de "verdade",
tentar mudar o futuro. Sermos o que somos durante todo o ano, seria por
si só, um ato de realidade, e não esperarmos psicologicamente que o
Natal chegue e assim o Ano Novo, para parecermos "perfeitos", "mudados" e
em busca de "salvação". Agora, parece também fazer sentido a filosófica
frase: "conhece-te a ti mesmo". Pensem sobre isso!
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